Joaquim Grave dos Santos
Diretor
Arquivo Histórico
Desde a instalação do Grémio Lusitano na sua sede histórica, esta associação assumiu-se como a fiel depositária do acervo histórico da Maçonaria Portuguesa.
Até 1869, os Arquivos da Maçonaria Portuguesa sofreram as vicissitudes decorrentes das sucessivas perseguições a que a Ordem esteve sujeita até ao final da guerra civil (1834), tendo resultado das mesmas destruições, confiscos, roubos, e dificuldades de organização. Com a instauração da Monarquia Constitucional, muito embora a prática maçónica tenha passado a ser tolerada, as muitas cisões de Obediências, associadas à efemeridade das Lojas, não permitiram a consolidação de um Arquivo único, que reunisse todo o património documental resultante da atividade dos Corpos Maçónicos que existiram neste período em Portugal.
Com a fundação do Grande Oriente Lusitano Unido, esta Obediência, ao herdar os Arquivos dos Corpos Maçónicos que lhe deram origem (Grande Oriente Lusitano/Conde Paraty e Grande Oriente Português, que por sua vez resultou da junção da Confederação Maçónica Portuguesa com o Grande Oriente de Portugal) conseguiu reunir um acervo documental significativo da atividade maçónica realizada no nosso país após a guerra civil.
Todavia, o anti-maçonismo e uma nova ilegalização da Maçonaria Portuguesa (1935) foram responsáveis pela perda de quase todo este património. Na sequência do atentado falhado contra Sidónio Pais, que ocorreu em 6 de dezembro de 1918, grupos de militares e civis assaltaram a sede do Grémio Lusitano, tendo vandalizado as instalações, e destruído uma parte significativa do Arquivo. Novas invasões das forças policiais, em 1929 e, finalmente, em 1935, na sequência da aprovação da Lei Cabral, que teve como consequências a ilegalização da Maçonaria em Portugal, e o confisco da sede do Grémio Lusitano, são responsáveis pelo facto do Arquivo atual constituir uma pequena parte do que seria anteriormente a 1918. Tal não obsta a que seja o mais importante acervo documental relativo à Maçonaria Portuguesa existente no nosso País.
Constituem o acervo do Arquivo, para além da documentação inerente à associação, os Livros de Matrícula do Grande Oriente Lusitano Unido, os quais integram os registos dos Obreiros da Obediência a partir dos anos 90 do século XIX até 1935, com informação relevante no que concerne à sua progressão nos Graus do Rito Maçónico praticado. Aqui se podem encontrar os registos tanto de figuras como Afonso Costa, Magalhães Lima, Sidónio Pais, Camilo Pessanha, Ana de Castro Osório, como de numerosos obreiros anónimos, que integraram as Lojas e Triângulos do Grande Oriente Lusitano Unido. Toda esta informação encontra-se compilada numa base de dados, que constitui uma ferramenta extraordinariamente útil, não só no âmbito de trabalhos de investigação histórica, como para todos aqueles que pretendam simplesmente saber se um seu antepassado foi Maçon.
Para além destes registos, integram o Arquivo numerosos documentos produzidos pelas Lojas do GOLU, pelo seu Conselho da Ordem, ou pelas suas Câmaras de Rito, sobretudo nos anos 20 e 30 do século XX. Também se pode encontrar aqui documentação relativa à vida das Lojas e dos Maçons durante a clandestinidade (1935-1974), bem como diversos testemunhos da retoma de atividade das Oficinas, após o 25 de Abril.
Atualmente o Arquivo está numa fase de reestruturação, que passa pela digitalização e inventariação do seu acervo, o seu acervo em papel encontra-se acessível a ser consultado, mediante formalização prévia de pedido, por investigadores (sócios do Grémio Lusitano ou não), ou simplesmente por interessados na História da Maçonaria em Portugal.
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